Sowilo – Serpent Dance (6 Comm / Mother Destruction)

Os 90’s vieram trazer-nos, entre muitas coisas, (sendo uma boa parte delas drogas de laboratório) um sentido de tribalismo que se tinha sentido nos anos 70, mas que entretanto envelhecera numa burguesia social bastante acomodada.

O neo-primitivismo, ou o moderno primitivismo tornaram-se termos conhecidos e divulgados em livros como o “Modern Primitives” da RE:Search editado em 1989; o body-piercing (bem como outro tipo de disciplinas como a escarificação ou a suspensão) desenvolveu-se como nunca e as tatuagens tornaram-se ainda mais divulgadas.

O despertar esotérico que se havia reiniciado nos anos 70 (e camuflado nos 80’s) voltou à carga nos 90’s, vendo o aparecimento de muitas coisas interessantes ligadas às religiões/misticismos fossem elas o surgimento de associações estruturadas ou projectos musicais que exploravam as vertentes rituais do som.

No crossover disto tudo encontramos os Sixth Comm/Mother Destruction do Patrick Leagas e da Amodali (eu bem ameacei que falaria dela aqui): pagãos ravers com um carinho por Seidhr, que fazem música electrónica ritual.
(Podiam ter sido os Psychic Warriors ov Gaia, mas a orientação desses é mais TOPY que pagã – que vai melhor com runas 😉 )

O Patrick Legas foi um dos membros fundadores dos Death in June até ter saído em 1985.
Nessa altura foi viver a “realidade dos Death in June” (citando o Douglas P.), tendo-se alistado no exército Britânico e dispendido diversos meses a fazer montanhismo no Sahara, no Atlas e no Paquistão.
Viu acção no Afeganistão aquando da sua ocupação pelos soviéticos e fotografou o conflito entre a Etiópia e a Somália.

Em 1989 conheceu Amodali – sobre a qual não sei nada, confesso – e fizeram os Mother Destruction.

A música é a Serpent Dance porque a runa do dia, a Sowilo, é aparentada com o réptil.

Esta é a runa do Sol (que para os escandinavos antigos era “a” Sol) e do raio solar em si.

O Sol é uma fonte de vida e é igualmente quem derrete o gelo. O Sol como símbolo do Fogo arquetipal.

A cobra/serpente é um símbolo solar para muita gente e parece-me a mim, desde que a malta anda a grafar coisas…

O hieroglifo Uraeus dos egípcios (a cobra) está na origem do “S” Proto-canaanita que, por sua vez, conferiu o aspecto ao “S” itálico.

Numa abordagem distinta, temos que a suástica enquanto símbolo solar se relaciona com as cobras e as serpentes no geral.

No Bhavishyapuran dos indianos, temos um rei cobra (Naga) de nome Takshak cuja arma é uma suástica.

Entre os Lituanos as serpentes são representadas em suásticas e estão ligadas aos seus cultos do fogo e mesmo em Portugal, no castro de Guifões, se podem encontrar exemplos de suásticas com cobras associadas ao culto do fogo.

Certamente existirão outros casos que mencionaria referir como o Ouroboros dos gregos e o facto de Apolos ter como símbolo a serpente por ter morto a Píton de Delfos… A questão da Árvore de Vida e da Serpente tentadora… tudo isto é material para profunda reflexão – mais uma vez, noutro local que não este.

A cobra/serpente é um símbolo da regeneração periódica, da muda de pele.
Este papel, num plano superior, é o do próprio Sol, que através dos ciclos intemporais das estações, regenera o tecido vivo.