Taking the long way home… while listing (III) and waiting.

Já saiu tanta coisa boa este ano. Tanta que, lá para Dezembro, provavelmente vai-me dar uma coisinha má e vou reactivar o meu blogue pessoal semi-morto só para fazer mais uma daquelas listas disparatadas dos melhores 100 discos do ano. Há sempre discos bons todos os anos, não há? Nunca percebi muito bem as pessoas que se queixam de que já não há música interessante, e que já está tudo inventado, e que a música boazinha a sério é toda de [seja qual for a época favorita do parvo em questão]. Procurem melhor! E percebam que não têm que deixar de gostar dos clássicos para reconhecer valor nas coisas novas!

Bom, rant over. Desculpem lá, o calor enerva-me, e dá nisto. Nunca mais é Dezembro. Aliás, nunca mais é Dezembro por várias razões: é que, por muitos discos bons que já tenham sido editados em 2012, ainda há mais uma catrefada deles à nossa espera até ao fim do ano, alguns deles susceptíveis de causar humedecimento da roupa interior. E é essa a minha listinha desta semana. Os que mais me humedecem. So to speak.

1. NEUROSIS – ‘Honor Found In Decay’
Óbvio, não? Se ainda for preciso dar explicações do porquê desta malta estar em primeiro, não me parece que sejam merecedores de permanecer no site da Amplificasom mais tempo. Ide para sites menores e de gosto musical duvidoso, ide. Os preâmbulos com o tributo ao Townes Van Zandt onde participaram o Steve e o Scott, e o disco de Scott Kelly And The Road Home só aguçaram ainda mais o apetite por este monstro, a editar a 2 de Novembro. Para já, há Electrical Transmissions para babar um bocadinho até lá.
Já o ouvi? Já.
Justifica o hype? Não posso dizer ainda.

2. CONVERGE – ‘All We Love We Leave Behind’
O ‘Axe To Fall’ já tem 3 anos! Inadmissível. Não só precisamos de mais Converge nas nossas vidas em disco, também precisamos de mais um concerto como aquele do Revolver onde partiram aquilo tudo. O título do disco é sugestivo, apesar de se saber pouco mais sobre ele até agora, mas até dia 9 de Outubro podemos sempre rodar até à exaustão o novo split com Napalm Death.
Já o ouvi? Não.
Justifica o hype? Cheira-me que sim.

3. AMENRA – ‘Mass V’
Com tanta brincadeira dos Church Of Ra, até parecia que a banda-mãe tinha ficado meio esquecida, mas felizmente, e como já tinha sido dito aqui há poucos dias, vem aí mais uma missa, e há sermão no Amplifest onde até pode ser que larguem algum malhão novo.
Já o ouvi? Não.
Justifica o hype? É ir ao Amplifest e ver.

4. PIG DESTROYER – ‘Book Burner’
Vou largar aqui uma afirmação daquelas que alguém provavelmente usará no futuro para me contradizer quando eu disser que é outra: os Pig Destroyer são a minha banda de grind favorita. Sim senhor, e os Napalm Death há muitos anos que, e os Brutal Truth porque coiso, e Nasum e Terrorizer e não sei quê, já para não falar em Agoraphobic Nosebleed, para não sair do universo Scott Hull. Mas pronto, são estes. Poucas coisas me dão mais gozo que correr o ‘Explosions In Ward 6’, o ‘Prowler In The Yard’, o ‘Terrifyer’ e o ‘Phantom Limb’ todos de seguida. E irrita-me ter estado 5 anos à espera deste. Dia 23 de Outubro isso já se resolve.
Já o ouvi? Não.
Justifica o hype? É bom que justifique!

5. MENACE RUINE – ‘Alight In Ashes’
A grande revelação de 2008, com uma demo assim-assim e dois discos esplendorosos, especialmente o segundo, ‘The Die Is Cast’, ainda hoje parte integrante da minha rotação habitual. Um estampido considerável ao vivo também, tanto no Roadburn como no SWR, onde não se perdeu a transcendência, como às vezes acontece com este tipo de banda. O ‘Union Of Irreconcilables’, de 2010, foi um bocado esquisito, e o projecto de Geneviève Beaulie, Preterite, é chatinho, para ser simpático. Portanto, este pessoal não é totalmente infalível. Mas parece que ‘Alight In Ashes’ é mais na onda de ‘The Die Is Cast’, e assin sendo… venha ele.
Já o ouvi? Não. Consta que vem a caminho da minha casa. Senhores dos CTT, andem lá com isso.
Justifica o hype? Veremos.

6. EARLY GRAVES – ‘Red Horse’
Iam directos ao topo para se juntarem aos Trap Them no trono do dark hardcore, estes moços, quando um estúpido acidente nos roubou o vocalista Makh Daniels. Até custa ouvir o ‘Goner’ por causa disso, mas dado o devido tempo de recuperação anímica, com o novo vocalista Chris Brock, é altura de pôr esta banda no sítio onde merece outra vez. E para isso, nada melhor que um disco novo, a aparecer em 30 de Outubro. Vão fazer uma tour antes do lançamento, e o apelo deles aqui é delicioso: Come to a show and worship the devil. Se um dia passarem por cá, vamos todos ao diabo.
Já o ouvi? Não.
Justifica o hype? De certeza, apesar de já estarmos todos um bocado fartos de hardcore à Southern Lord. Estes gajos são the real deal.

7. BESTA – ‘Ajoelha-te Perante A Besta’
Esta imundície nacional está quase a abater-se sobre nós, e não há duche que nos salve depois. Só se for um destes quatro douchebags que compõem a formação da banda. Veste qualquer coisa, ó Roque!
Já o ouvi? Já.
Justifica o hype? And then some.

8. MY DYING BRIDE – ‘A Map Of All Our Failures’
Vá lá, mesmo que não seja uma obra-prima (como foram quase todos até ao ‘The Dreadful Hours’), quanto mais não seja vai servir para reviver o Yorkshire-doom dos anos 90, tipo o ‘For Lies I Sire’, que foi giro. E por aborrecidinho que seja (tipo o ‘A Line Of Deathless Kings’) que seja, ainda urina para cima daquelas abominações que os Anathema andam a fazer de uma grande altura, só assim como termo de comparação.
Já o ouvi? Já.
Justifica o hype? That’s not the point.

9. WEAPON – ‘Embers And Revelations’
Um monstro canadiano (via Bangladesh) de death/black que só não é mais conhecido ainda porque o explosivo disco anterior, ‘From The Devil’s Tomb’, não saiu por nenhuma editora de alcance mais vasto. A Relapse resolve já isso com este novo, a sair dia 9 de Outubro.
Já o ouvi? Já.
Justifica o hype? Totalmente.

10. WINTERSUN – ‘Time I’
O ‘Chinese Democracy’ do metal finlandês vai mesmo sair, afinal! Apesar de parecer o patinho feio desta lista, só por isso merecia aqui estar. Oito anos de avanços, recuos, desaparecimentos, azares e histórias mal contadas acabaram por dar à banda de Jari Mäenpää um protagonismo bizarro que, por bom que seja o primeiro álbum, é um bocado injustificado. A ambição é tanta que agora a coisa vem em duas partes, à Ufomammut (e é a primeira vez que alguém compara Wintersun com Ufomammut, de certeza) com a primeira a aparecer já a 12 de Outubro.
Já o ouvi? Já.
Justifica o hype? Não, mas não quer dizer que seja mau. Nada justificaria, depois deste estardalhaço de oito anos. Olha, é melhor que o ‘Chinese Democracy’.