Therion – Gothic Kabbalah

Este ano é de festa. 20 já se passaram desde a formação da banda e pouco mais de 10 desde a importante revolução visionária de Theli. A cada novo lançamento eu antecipo com a convicção que será dessa que eles vão voltar a fazer a mesma coisa e que eu me vou chatear da grandiosidade sinfónica e das vozes operáticas e chutar para canto.
No entanto, cá estamos em 2007 e nada melhor que um 2 em 1 depois do 1 em 2 de 2004 para desincentivar qualquer reacção letárgica. Se a digestão inicial do disco não é imediata, torna-se bastante recompensadora após várias audições. Ja anda a tocar por aqui desde o ano passado…
Em Lemuria/Sirius B havia uma separação não muito acentuada mas evidente a nível estético e musical entre cada um dos discos, Gothic Kabbalah vem embrulhado em conjunto e oferece 85 minutos de maior preponderância das guitarras explorando mais uma vez o misticismo das runas. Há mais heavy metal, o que não é mau mas também não é imediatamente bom [para alguns será imediatamente mau :-s]. Tenho um problema com determinados Riffs simplistas por serem um bocado ranhosos [Tuna 1613], mas a harmonia geral compensa esses momentos menos conseguidos, até dentro das próprias músicas em que a ranhosice opera. há Riffs muito simples mas muito eficazes como em The Perennial Sophia ou The Wisdom & The Cage. A grandiosidade e a sinfonia épica não desapareceram, a orquestração é que deixou de ser tão operática.
Christofer Johnsson deixou de cantar e os coros quase não existem, desta vez temos dois vocalistas masculinos [inicialmente pensava que era apenas um gajo mega versátil :-s] e duas vocalistas femininas. Há vocalizações para todos os gostos. Os timbres distintos e a forma dinâmica como se revezam é extraordinária e contribui de forma decisiva para a qualidade do disco. O refrão de Trul (Na na na nanana na na) não é nenhum exemplo disso, mas é muito bom para sing-a-long 🙂
Adicionando a isso as várias tonalidades do orgão e dos sintetizadores, algumas influências folk e orientais, algum 70s prog e uma despedida épica com Adulruna Redivivia, o mais longo e melhor tema do disco, temos os ingredientes suficientes para garantirem uma rotação regular e mais uma adição de qualidade na abrangente discografia dos Therion.