Wolves in the Throne Room – Two Hunters [2007]

A capa do álbum de estreia – Diadem of 12 Stars – em tons de azul esverdeado que retrata uma paisagem florestal, exerceu um certo fascínio distante à minha pessoa. Fartei-me de ver referências em sites e revistas mas estranhamente [ou talvez não, porque o meu interesse por Black Metal sempre foi muito residual] nunca ouvi o disco. Agora que o Justino apareceu no concerto do Scala com uma t-shirt dos moços e que comecei a ler opiniões muito positivas acerca do novo álbum resolvi não deixar passar o momento e fui “apanhá-lo”.
E é que as criticas positivas têm mesmo razão de ser. A envolvente atmosférica que emana da névoa cinzenta é extraordinária. Composto por apenas 4 temas que funcionam mais como 4 secções de uma épica peça musical, contem os ingredientes expectáveis de um disco essencialmente catalogado como Black Metal; As guitarras ríspidas e cheias de filtros, os blast beats da bateria e os berros agonizantes. Mas os conceitos sonoro e estético baseados na íntima relação dos seus elementos com a natureza é feito de contrastes intrincados e transborda a noção do estilo.
O início do disco é sereno e introspectivo, dedicado a ambientes shoegazer e à invocação do espírito da floresta, provavelmente as samples que se ouvem até serão field recordings. Os 12 minutos que se seguem iniciam o assalto black metal cru e trucidante, sem grandes complexidades mas com uma qualidade progressiva nos compassos e nas texturas que mantém o nível de interesse no máximo. Lá para o meio abrandam no ritmo e expandem as melodias [Dissection e In the Woods ressuscitados], sacando momentos bastante melancólicos. Jessica Kinney que já colaborou com ASVA dá um encantamento etéreo às frias paisagens de Cleansing, o trecho mais experimental e desoladoramente bonito. Também experimental e notável é a viagem proporcionada pelos mais de 18 minutos de I will lay down my bones among the rocks and roots, é o pináculo do álbum e pode servir como uma bela definição para épico, adoro o som imponente das guitarras e a maneira como as vozes femininas reaparecem para encerrar o disco em beleza. Isto não é propriamente material revolucionário mas é precioso e extremanente refrescante para os meus ouvidos. Agora tenho que descobrir o Diadem.