Yakuza – Of Seismic Consequence

Talvez me esteja a arriscar demasiado em avançar com umas palavras sobre este disco, mas mesmo assim vou tentar. Esperando que todos os que já ouviram o mesmo se explanem mais na caixinha de comentários do post, já que a caixinha aqui do lado não tem chegado.
Acho que entendo a maior parte das pessoas que não gostaram tanto deste disco. Há uma clara mudança de direcção na sonoridade dos senhores: deixaram de lado as influências mais hardcore (o Lamont quase nem berra, para adoptar claramente as influências tibetanas e étnicas dos Huun Huur Tu) e abraçaram mais claramente bandas como os King Crimson, os Pink Floyd. Não quer dizer que o façam de forma constante ou aberta: até são bastante subtis por vezes. Mesmo que se note um ambiente muito post-something em todo o lado (e progressivo, no sentido exploratório e nada pretensioso). Por outro lado, a mão do Sanford Parker deu-lhes um gostinho bastante agradável a Minsk – com quem o Bruce andou em digressão.
Algo que também têm apontado – e bem – ao “Of Seismic…” é o som. O rip que por aí anda não é mau. A gravação do disco é que foi feita numa espécie de live-take. O resultado? Um ar roufenho sem ser ruidoso, sujo sem ser nojento. E experimental (alguém sabe se isto foi feito à base de jams/improvs?). Mas continuamos a ter solos guitarras, uma bateria dinâmica e enérgica, e linhas de baixo com groove.
Aponto-lhe três coisas: a ausência do saxofone do Bruce Lamont (queria muito mais), a duração (acho que podia ter uns minutos a menos) e a capa (gosto pessoal, óbvio).
Arrisco traçar um paralelo – mais uma vez ressalvando que é pessoal – com o “Heliocentric”, dos The Ocean: há claras mudanças ao nível sonoro, ambas quiseram arriscar coisas novas e há gente que vai gostar e outros vão achar que foi uma péssima decisão para a banda. Eu não gostei do “Heliocentric”, mas adoro o “Of Seismic Consequence”. E acima de tudo gosto de bandas que tentam coisas novas e arriscam novos caminhos em vez de caírem no marasmo de repetir a mesma fórmula uma e outra vez. Os Yakuza e os The Ocean fizeram-no e aplaudo-os por isso.
É um disco que não vai mudar a história da música. Talvez mude a história dos Yakuza e os leve a voltar a fazer algo diferente no próximo trabalho. Mas é um disco que com o estado de espírito certo e com alguma paciência, fica cá dentro. Digam-me de vossa justiça 🙂