Your credibility, your integrity and your honor are things no company should be able to buy.

Há alguns dias atrás, depois deste texto/notícia de Mário Lopes no Ípsilon sobre a sabotagem dos Death Grips à sua editora, partilhava-se no Facebook uma discussão sobre o compromisso da arte. Só conhecendo esta mesmo fonte e respectiva versão da banda, não sei quem é que tem razão e acho uma certa piada a quem romantizou a atitude punk quando na verdade deve ter pago o álbum e respectivo hotel de luxo com o dinheiro que a editora lhe avançou. Provavelmente ouviremos da editora em breve, editora essa que quando pega num projecto destes não pode, na minha opinião, ser vista como a típica major. Mais: ninguém obrigou a banda a nada. Pior ainda: mesmo confessando, cancelar o compromisso de uma digressão pelas razões apresentadas, é faltar ao respeito a quem arrisca por eles (promotores) e quem paga para os ver (fãs).

Não sei quem tem razão, disse em cima. Mas, quero mesmo acrescentar que não me interessa. Porquê? Apercebi-me, estando no meio há mais de seis anos, que este é um mundo oportunista e o que passa cá para fora, em casos semelhantes, é uma versão manipulada da realidade. Se bem que nunca tive nenhuma desilusão pessoalmente, aprendi a não confundir a música, a arte que criam, com as pessoas por detrás da mesma. Sim, é complicado separar as coisas, mas este é mesmo um exemplo. Ou então quando descobri que o Gira apoiou Bush. Ou quando me lembro que o Vikernes fez o que fez.

Somos todos pessoas e, quando pensamos por nós mesmos, isso faz de nós únicos. Para o mal e para o bem.

No entanto, para terminar, há músicos que são autênticas fontes de inspiração para o dia-a-dia. O Tom Waits, alguém que trilhou o seu próprio caminho desde os setentas, é um deles. E porque este é um tópico sobre o compromisso, em 2002 John Desmore dos The Doors afirmava no The Nation que os músicos deviam vender e permitir que as suas canções fossem utilizadas em publicidade/ anúncios. Tom respondeu assim:

Woodland Hills, Calif.

Thank you for your eloquent “rant” by John Densmore of The Doors on the subject of artists allowing their songs to be used in commercials [“Riders on the Storm,” July 8]. I spoke out whenever possible on the topic even before the Frito Lay case (Waits v. Frito Lay), where they used a sound-alike version of my song “Step Right Up” so convincingly that I thought it was me. Ultimately, after much trial and tribulation, we prevailed and the court determined that my voice is my property.

Songs carry emotional information and some transport us back to a poignant time, place or event in our lives. It’s no wonder a corporation would want to hitch a ride on the spell these songs cast and encourage you to buy soft drinks, underwear or automobiles while you’re in the trance. Artists who take money for ads poison and pervert their songs. It reduces them to the level of a jingle, a word that describes the sound of change in your pocket, which is what your songs become. Remember, when you sell your songs for commercials, you are selling your audience as well.

When I was a kid, if I saw an artist I admired doing a commercial, I’d think, “Too bad, he must really need the money.” But now it’s so pervasive. It’s a virus. Artists are lining up to do ads. The money and exposure are too tantalizing for most artists to decline. Corporations are hoping to hijack a culture’s memories for their product. They want an artist’s audience, credibility, good will and all the energy the songs have gathered as well as given over the years. They suck the life and meaning from the songs and impregnate them with promises of a better life with their product.

Eventually, artists will be going onstage like race-car drivers covered in hundreds of logos. John, stay pure. Your credibility, your integrity and your honor are things no company should be able to buy.