Os Heróis e os Métodos: dos caminhos das nossas memórias
Prince Far I – Under Heavy Manners (Joe Gibbs, 1977)
“Under Heavy Manners” é um dos melhores discos de sempre no que diz respeito a mesclar a melodia do Roots Reggae e o experimentalismo espacial do Dub. Música infalível em qualquer sistema de som, um trabalho que levita com o seu ritmo lento, com os seus arranjos e efeitos (os famosos delays e reverbs) que tornam cada tema numa experiência única. A voz de Prince Far serve de guia espiritual, autêntico pregador de voz grave, o seu lirismo encontra um ritmo próprio que não estaria muito longe de uma variação hip hop. Completamente essencial para quem sente alguma afinidade com o estilo.
Algebra Suicide – The Secret Like Crazy (RRRecords, 1987)
“The Secret Like Crazy” situa-se na chamada new wave e tem como elemento central a poesia de Lydia Tomkiw (provocante, ondulante, mordaz, viciante). Para um disco spoken word e minimal (sobretudo pelos ritmos simples e maquinais que serviram muitas bandas nos anos 80), é incrível a forma como cada tema se revela numa agitação rock (melódica e incisiva). Este disco serve de compilação a uma série de lançamentos que estarão neste momento destinados ao obscurantismo. Vale a pena a descoberta.
The Unthanks – Here’s the Tender Coming (EMI, 2009)
Ao ver a lista que Dylan Carlson dos Earth selecionou acerca de alguns dos seus discos preferidos, ficou-me na retina este trabalho das Unthanks. Os elementos centrais são a folk e alguma música country, mas antes que escreva elementos centrais destes estilos, prefiro escrever que é belíssimo. As vozes femininas são extremamente delicadas e doces, lembram o quente da voz de Sibylle Baier (impossível não imaginar um cenário com uma lareira a crepitar e a sua música como pano de fundo) ou a “infantilidade” da Joanna Newsom. Aliás desta última captam igualmente a arte de compor arranjos que quase transportam a folk para cenários fantásticos. Um disco que como certas bebidas melhora com o tempo e ainda bem que o descobri.
Acerca do meu retiro em Copenhaga que me levou a não comentar qualquer disco na semana passada, ficam aqui as únicas fotos “musicais” captadas por lá:
Ainda, a excelente instalação de microfones de Shilpa Gupta, Singing Cloud (desculpem não ter captado qualquer som).