Batimentos cardíacos

Este título é propositadamente ambíguo. É que, se por um lado Ben Chasny e companheiros deram um óptimo concerto no cinema Nimas, repleto de folk-rock psicadelizado e noisificado até sentirmos que as cordas das guitarras estão a ponto de derreter, por outro os efeitos são tão regulares e repetitivos como o bater do dito coração, e isto impediu que presenciássemos um concerto ímpar.

Quanto à música que Chasny trouxe, está tudo dito. Três guitarras e uma bateria, e um ataque frontal em que se pressentem heranças dos Comets On Fire (a outra banda de Chasny), Sonic Youth e os inovadores das guitarras dos seus EUA natais. Os SOOA demonstraram que é possível sacar belas melodias à Americana, sem deixar que uma atitude complacente as reduza a meras paisagens educadas ((re)aprende, Devendra!). Depois é só deixar que a distorção e os riffs façam o seu trabalho, onde a guitarra de Elisa Ambrogio (Magik Markers) se distinguiu por subir o volume muito acima. Pena que nem sempre conseguisse tirar som desta.

Foi pouco mais de uma hora, em que a intensidade raramente baixou. Os aplausos foram muitos e educados. Talvez pudesse ter havido mais intensidade do lado do público. Mas quanto a isso culpo o facto de ser um local para ver concertos sentado. Se não houvesse a sensação de que os acordes e melodias das guitarras eram muito parecidos canção a canção, teria sido mais um dos Concertos-Do-Ano. Assim, foi uma fritura “apenas” em óleo muito quente.