Um dia no Dínamo

Belo festival. Apesar de ter sido a “boleia” dos três japoneses e ter passado a noite em Barcelos, só consegui assistir aos eventos de Sábado. De qualquer maneira, tinha que deixar aqui registado o excelente dia que se viveu na bonita cidade de Barcelos. Ambiente familiar, público respeitador, solzinho agradável, diversidade nos eventos… gostei muito.
Começou com o filme japonês “Godspeed You Black Emperor” (sim, foi daqui que a mítica banda tirou o nome). O filme/ documentário é de 1976 e baseia-se num gang japonês, os Black Emperor. Não consigo dizer o que me atraiu, mas era menino para repetir. De seguida, caminhada de cinco minutos até ao bonito Museu de Olaria para era ver as instalações que só pela sinopse deixavam água na boca, mas infelizmente não estavam a funcionar. Malta da organização: quero vê-las, metam isso num dvd sff. Às 17h, o primeiro concerto do dia: Ko Ishikawa (a tocar sho, um instrumento tradicional japonês) com Klaus Filip (laptop) na bonita Igreja da Nossa Senhora do Terço. Foram cerca de 45 minutos de drone. Bonito. O silêncio nas partes calmas foi arrepiante, há mesmo que destacar o respeito do público em todos os concertos. Seguiu-se um “sonho”, uma especialidade de Barcelos, e mais uma pequena caminhada até à Biblioteca para a performance de poesia sonora de Alfredo Costa Monteiro. Foi muito interessante. O som estava alto, talvez propositadamente, mas valeu. Às 22h, já com a barriga cheia, era tempo do japonês Masahiko Okura (saxofone), do grego Nikos Veliotis (violoncelo) e do alemão Axel Dörner (trompete). Foi o concerto que mais me impressionou tecnicamente, abriu bem uma noite que ia acabar de forma espectacular. Seguiu-se Annette Krebs, a única presença feminina no festival e que infelizmente se revelou uma desilusão. Talvez ainda não esteja preparado para um concerto destes, a verdade é que não me consegui identificar com nada. Para terminar, o momento alto da noite e talvez de todo o festival: Mattin + Taku Unami + Jean-Luc Guionett. Depois do intervalo do último concerto, a sala ficou às escuras e para este último só era permitida a entrada de uma pessoa de cada vez. À porta, o ex Josetxo Grieta Mattin (o seu companheiro de banda suicidou-se há pouco tempo) perguntava-nos se queríamos fazer parte do concerto e atribuía-nos um papel. Era ver o Miguel Prado às voltas no palco, a sua namorada Patrícia a imitar vómitos, o nosso companheiro David amebix a imitar tudo que Taku fazia em palco, a Joana aspirina a massajar as costas de Taku nos momentos calmos, Masahiko a bater palmas durante algumas horas (sério!!!) e sei lá mais o quê. Imaginem umas vinte pessoas a participar no concerto e talvez mais umas vinte tímidas a assistir. A mim coube-me deitar no palco por isso não faço a mínima qual o papel do Jean-Luc ou até se o Mattin tocou algum instrumento, mas o Taku…. FANTÁSTICO!!! Ainda por cima de braço engessado, louco! Não sei a que horas o concerto acabou, em determinado momento ouvia-se “This concert will only finish when everyone agrees, otherwise it will go on”, mas foi para mim o grande momento do festival. Espero que se repita, eventos como este Portugal não tem. Até para o ano Dínamo. fotos: amebix