O Arroz da Grande Besta
Para terminar esta minha jornada na Amplificasom que, como sempre, foi bastante estimulante e divertida p
ara mim (e porque o Neuroticon me disse no outro dia que estava à espera de mais receitas), decidi fazer um dois-em-um surpreendente: uma receita de arroz de um dos grandes ocultistas do século XX, nada mais nada menos que o Mestre Therion, a Grande Besta em pessoa, o digníssimo Aleister Crowley.
Dando créditos a quem os merece, esta receita foi trazida à minha atenção pelo meu amigo Júlio e, pelo que consegui determinar, divulgada inicialmente pela Coilhouse. Quem partilhou com o mundo foi a Universidade de Syracuse, que possui um Crowley Archive.
O arroz deve acompanhar um caril, do qual não falarei, deixando ao vosso critério o que entenderem melhor para acompanhar a fina iguaria.
Esta receita tem um problema: o Mestre não especificou as doses pelo que, após um pouco mais de pesquisa, encontrei alguém que a realizou com sucesso e adaptei as dosagens ao meu gosto pessoal, reduzindo a quantidade de passas e substituíndo a manteiga por margarina de soja. Posto isto, venha a receita.
– 1 chávena de arroz basmati (1)
– 1/8 ch de passas (sultanas)
– 1/4 ch amêndoas laminadas (ou quebradas, como gostarem mais) (2)
– 1/4 ch pistáchios
– 1 dente de alho picado finamente
– 4 ou 5 cardamomos (3)
– Pó de Curcuma (4)
Pomos a Crowleymass dos Current 93 a rolar e começamos a cozinhar.
Num tacho coloca-se o dobro da água com o sal a ferver e adiciona-se o arroz, mexendo com regularidade.
Após dez minutos de cozedura, devemos testar o arroz para ver se se encontra cozinhado:
by taking a grain, and pressing between finger and thumb. It must be easily crushed, but not sodden or sloppy. Test again, if not right, every two minutes
Estando cozinhado, coloca-se num coador e deixamos arrefecer, vertendo água fria por cima. Após esta operação de, colocamos o coador sobre a chama do fogão, agitando com regularidade – convém usar um metálico, ok? – até o arroz se encontrar todo seco, como se não tivesse sido cozinhado.
Colocamos então o arroz novamente no tacho, mas na temperatura mínima e, mexendo contínuamente, juntamos as sultanas, as amêndoas, os pistáchios, os cardamomos e a margarina de soja.
Deve-se igualmente adicionar nesta altura a curcuma de modo a que o arroz ganhe um tom dourado.
uniform, a clear golden colour, with the green pistachio nuts making it a Poem of Spring
Mexe-se até estar bom para comer; sem tempos, abordagem empírica mesmo.
Posto isto, rapaziada e raparigada, foi um prazer e até à próxima.
(1) – O Crowley propõe arroz Pilaf com pelo menos 5 a 7 anos. Não tendo conseguido determinar exactamente o que isto é – Pilaf para mim, é um método de cozinhar cereais, não um cereal em si – substituí por Basmati; suponho que se quiserem usar Thai também não fique mal.
(2) – Na receita original são amêndoas da Jordânia – onde a raínha é muito bonita – mas suponho que se usarmos as comuns do mercado não haverá uma grande diferença de sabor.
(3) – Cardamomo é uma especiaria indiana que normalmente só se encontra nas respectivas mercearias de indianos. O pessoal de Lisboa pode ir aos centros comerciais do Martim Moniz, o do Porto, ou à Rua de Cimo de Vila onde existem duas mercearias ou ao C Comercial Bombarda onde recentemente abriu também uma loja de especiarias. Pessoal do resto do país… lamento, não sei como os podem obter.
(4) – A Curcuma, também conhecida como Turmerico (Curcuma longa) é uma especiaria que muitas vezes é confundida com o Açafrão (Crocus sativus); muitos fabricantes usam o nome de uma e outra indiscriminadamente para designar o Açafrão. Apesar de não ser terrívelmente importante, chamo-vos a atenção para esse detalhe a bem do rigor. O aspecto final é idêntico, fica tudo amarelo, o aroma de ambas é diferente.